segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PARTICIPEM DA 1ª REUNIÃO DO GRUPO


Grupo de Estudo O Campesinato e a Questão Agrária no Vale do Jaguaribe


A questão da terra ou da luta pela terra tem sido um dos problemas centrais para se pensar a formação sócio-histórica do povo brasileiro e os dilemas mais significativos de nossa sociedade. A posse da terra sempre desempenhou papel importante na estruturação das relações de poder e dominação, fazendo com que os “senhores rurais” constituíssem umas das frações de classe dominante durante toda a história do Brasil desde a colonização portuguesa, passando pelo Império, República Velha e estendendo seus tentáculos até os dias atuais, quando há a necessidade de dividir e compor com outras frações de classe, como o empresariado, as estruturas de poder político, econômico e social.
A história da colonização portuguesa no Vale do Jaguaribe também teve como epicentro da estrutura de domínio a posse da terra. A distribuição de terras a alguns privilegiados possibilitou a formação de condições objetivas que favoreceram o domínio de uma minoria branca sobre um vasto contingente populacional nativo e africano. A posse da terra garantia ao seu proprietário o domínio quase absoluto, exercendo suas funções particulares como se fosse um ente público. Assim, construiu-se um padrão efetivo de relações sociais cujo fundamento era a dominação dos proprietários sobre os não-proprietários, marcando profundamente os campos político, econômico e social, criando um ethos fundado no princípio de que os não-proprietários deveriam se submeter ao domínio e jugo dos possuidores de riqueza.
O não questionamento da estrutura fundiária do país, ou seja, a concentração de terras, portanto, de riquezas nas mãos de poucos, é uma conseqüência da formação histórica de nossa sociedade, fazendo com que as tentativas de contestação por parte dos setores marginalizados e oprimidos sejam vistas como anormais, pois vão de encontro à estrutura de dominação montada há séculos.
A contestação à dominação econômica por setores organizados do campesinato é um tema que merece muita atenção, pois está se construindo um novo padrão de relações no campo, onde a ocupação de terras por camponeses é um problema a ser investigado para que possamos compreender o desgaste e quebra do padrão de relacionamento fundado na dominação econômica e política dos proprietários sobre os não-proprietários. As ocupações de propriedades agrícolas realizadas por trabalhadores rurais “sem terra” têm mostrado o potencial contestatório do campesinato na região do Baixo e Médio Jaguaribe. Os diversos Projetos de Assentamento (P. A.) de Reforma Agrária têm possibilitado melhorias significativas na qualidade de vida de centenas de trabalhadores rurais que antes não tinham condições mínimas de sobrevivência. Ao mesmo tempo estas experiências têm comprovado a tese de que a reforma agrária só se realiza a partir da organização e da luta dos trabalhadores rurais “sem terra”.
Por outro lado, a presença e atuação de movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, a Via Campesina e o MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, tem contribuído para colocar na pauta dos debates da região o tema da reforma agrária e do acesso e gestão dos recursos hídricos, dois temas centrais para se pensar o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população rural e urbana do baixo e médio Jaguaribe. nstruiu-se um padr se fosse um ente pdecidindo sobre a vida
Desta forma, o Grupo de Estudo O Campesinato e Questão Agrária no Vale do Jaguaribe – pretende contribuir para a compreensão do campesinato e a estrutura fundaria, assim como as lutas e tensões que se desenvolvem no campo e que mobilizam um grande contingente de atores sociais preocupados em construir condições dignas de sobrevivência e um desenvolvimento sócio-econômico sustentável fora dos padrões clássicos de dominação de alguns setores de classe da região do Baixo e Médio Jaguaribe.
Francisco Antonio da Silva
Professor Assistente do Curso de História da FAFIDAM/UECE
Coordenador do Grupo de Estudo O Campesinato e a Questão Agrária no Vale do Jaguaribe